quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Essa tal de NDF...

Quando eu entrei na carreira corporativa, virando analista financeiro e abandonando a vida de corretor de bolsa, sabia que estava entrando em um mundo completamente diferente, e que começaria do zero em muitas coisas. Na minha antiga vida de "broker'', era comum eu ficar estudando relatórios enviado pela corretora, ligar para clientes, e efetuar operações no mercado financeiro.

Pois bem, mas após esse "turning point" lá estava eu, dentro da empresa que eu mesmo analisava, fazendo coisas totalmente diferentes em um ambiente totalmente diferente. Mesmo para produtos financeiros, na qual eu tinha amplo conhecimento, o leque de opções se abriu a tal ponto que comecei a conhecer operações na qual eu tinha pouco ou nenhuma vivencia.

Um desses produtos é o NDF (Non Deliverable Forward) que é amplamente usado em grande parte das empresas exportadoras/importadoras, devido a facilidade de uso. O NDF nada mais é que um derivativo, uma operação a termo de moeda, tendo como finalidade principal proteger o risco de variação cambial que a organização está potencialmente exposta.



Funciona da seguinte maneira: A empresa faz um contrato com o Banco X, na qual fica previamente acordado uma taxa de câmbio em uma data futura. Vamos supor que a empresa faça um contrato de compra de NDF de dez milhões de dólares a taxa de USD 4,50 para daqui 3 meses. Chegando nesse período, haverá o ajuste na conta bancária do contratante, pela diferença das taxas. Se por exemplo, o dólar PTAX estiver USD 5,00 no dia, o banco irá pagar o cliente a diferença ((5,00 - 4,50) x 10.000.000) = 5 milhões de reais. Ao mesmo tempo, se a taxa no dia estiver USD 4,00, o cliente paga o banco essa quantia.

Dessa maneira, a empresa se protege das variações cambiais abruptadas, ficando focada no "core business" e se preocupando menos com o rumo que a cotação da moeda irá tomar.

Apesar de ter um custo de carregamento, as NDFs ainda são um dos principais meios empresariais para Hedge de moeda, devido a facilidade de contratação e relativa eficiência, sendo cada vez mais utilizado no mundo empresarial. Afinal, quem quer ficar a merce da volatilidade do sr. mercado não é mesmo? 

Abraço!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A teoria das carteiras: o modelo de Marcowitz

Confesso que quando descobri o modelo de Marcowitz há alguns anos, fiquei um tanto quanto maravilhado. Algo como descobrir um tesouro perdido, um segredo de 7 chaves. Afinal, a imagem de uma carteira de ativos "perfeita" é algo que todo investidor busca obter. Entretanto, para quem já conhece a teoria, sabe que a realidade não é tão perfeita assim. 

O inovador trabalho de Harry Markowitz, que em 1959 publicou seu famoso livro Portoflio selection: efficient diversification of investiments, partiu da premissa de que a decisão sobre a composição de uma carteira de investimentos está fundamentada apenas no valor esperado e no desvio padrão do retorno da carteira, e que essa decisão é consequência de um processo de minimização de risco (minimização de desvio padrão). Markowitz ganhou o premio Nobel de Economia em 1990.

Ou seja, um investidor pode "bater" o mercado (benchmarking) comprando ativos de bons retornos históricos, e que em conjunto tenham um desvio padrão total baixo (baixa/negativa correlação entre ativos). 

Porem, a metodologia tende a ser menos eficiente em mercados de instabilidade econômica ou em governos intervencionistas. Isso porque abruptamente esses governos podem mudar a regra do jogo, e os ativos que anteriormente tinham bons retornos históricos e/ou baixa volatilidade, passem a ter retornos negativos e/ou alta volatilidade. Um exemplo foram as ações de empresas de energia elétrica, que por muito tempo foram um porto seguro de estabilidade e altos retornos, mas que atualmente são destaques negativos em rentabilidade nos últimos meses.

Ainda assim, a teoria de Markowitz foi um marco para a alocação portfólio, sendo amplamente utilizados pelos mais diversos tipos de investidores.