Quando eu entrei na carreira corporativa, virando analista financeiro e abandonando a vida de corretor de bolsa, sabia que estava entrando em um mundo completamente diferente, e que começaria do zero em muitas coisas. Na minha antiga vida de "broker'', era comum eu ficar estudando relatórios enviado pela corretora, ligar para clientes, e efetuar operações no mercado financeiro.
Pois bem, mas após esse "turning point" lá estava eu, dentro da empresa que eu mesmo analisava, fazendo coisas totalmente diferentes em um ambiente totalmente diferente. Mesmo para produtos financeiros, na qual eu tinha amplo conhecimento, o leque de opções se abriu a tal ponto que comecei a conhecer operações na qual eu tinha pouco ou nenhuma vivencia.
Um desses produtos é o NDF (Non Deliverable Forward) que é amplamente usado em grande parte das empresas exportadoras/importadoras, devido a facilidade de uso. O NDF nada mais é que um derivativo, uma operação a termo de moeda, tendo como finalidade principal proteger o risco de variação cambial que a organização está potencialmente exposta.
Funciona da seguinte maneira: A empresa faz um contrato com o Banco X, na qual fica previamente acordado uma taxa de câmbio em uma data futura. Vamos supor que a empresa faça um contrato de compra de NDF de dez milhões de dólares a taxa de USD 4,50 para daqui 3 meses. Chegando nesse período, haverá o ajuste na conta bancária do contratante, pela diferença das taxas. Se por exemplo, o dólar PTAX estiver USD 5,00 no dia, o banco irá pagar o cliente a diferença ((5,00 - 4,50) x 10.000.000) = 5 milhões de reais. Ao mesmo tempo, se a taxa no dia estiver USD 4,00, o cliente paga o banco essa quantia.
Dessa maneira, a empresa se protege das variações cambiais abruptadas, ficando focada no "core business" e se preocupando menos com o rumo que a cotação da moeda irá tomar.
Apesar de ter um custo de carregamento, as NDFs ainda são um dos principais meios empresariais para Hedge de moeda, devido a facilidade de contratação e relativa eficiência, sendo cada vez mais utilizado no mundo empresarial. Afinal, quem quer ficar a merce da volatilidade do sr. mercado não é mesmo?